O scanner a laser GLS-2000 da Topcon, representada no Brasil pela Embratop, foi usado num distrito do bairro do Brooklyn, em Nova York, num projeto piloto de cidade inteligente.
Como parte de um programa piloto para provar a aplicabilidade dos dados digitalizados a laser em um projeto de smart cities (cidades inteligentes), a empresa Gwalia Surveyors, sediada no País de Gales, recentemente saiu às ruas de Brownsville, no Brooklyn, Nova York, EUA. Lá, usando o laser scanner GLS-2000, da Topcon, eles digitalizaram um segmento do distrito com a proposta de usar esses dados para criar um modelo BIM interativo (Building Information Modeling), rico em informações e geometricamente preciso. O modelo poderá fornecer informações valiosas e úteis para a implementação de novas tecnologias, essenciais para o conceito de cidades inteligentes.
Escaneamos a laser um pequeno fragmento da seção de Brownsville no Brooklyn, depois de marcar e agendar informações para uso posterior na determinação do que é importante neste espaço”, disse Llyr Lane, da Gwalia Surveyors.
Jogando com os pontos fortes
A ideia de cidades inteligentes, que usa tecnologia da informação e comunicação (TIC) e a Internet das coisas (IoT) de forma integrada com segurança para gerenciar os inúmeros ativos físicos e de informações de uma cidade, remonta a mais de uma década. Porém, à medida que o conceito cresceu, novos programas foram implementados para ajudar no seu desenvolvimento. De acordo com Lane, o interesse de sua empresa em ampliar o uso das novas técnicas decorre de sua própria experiência em tecnologia BIM.
“Fazemos escaneamento a laser há cerca de sete anos”, disse ele. “Logo percebemos que a modelagem 3D e a nuvem seriam prioridades. Em grande parte, isso se tornou realidade devido a uma nova regra do governo britânico, de 2016, que determina que qualquer projeto financiado pelo governo deve ser conduzido no nível 2 do BIM. Para nós, a execução de obras, como uma reforma, por exemplo, normalmente inclui o escaneamento a laser para uma nuvem, modelagem, marcação e agendamento de todos os elementos da estrutura”, revela Llyr.
Estendendo para o lado de fora
Se o BIM pode ser tão valioso dentro de uma estrutura, pensou Lane e sua equipe, por que essa aplicabilidade não poderia se estender para além das estruturas, alcançando os espaços abertos fora dos edifícios? Com base no que eles já sabiam, sentiram que o potencial para uma solução geoespacial, especificamente um scanner a laser, era ilimitado.
“Percebemos que os pontos fortes dessa tecnologia eram perfeitos para o que representa o conceito de smart cities”, disse Llyr. Assim, a equipe formulou a pesquisa a partir das necessidades da cidade: “O foco de Nova York é melhorar a saúde e a segurança, fornecer conectividade para todos, integrar a tecnologia existente e em evolução e promover a geração de empregos. Com esses critérios em mente, escaneamos a laser uma pequena área de Brownsville, depois marcamos e agendamos as informações para uso subsequente determinando o que é importante nesse espaço, que afetará a qualidade de vida das pessoas que moram no local”, explica o executivo.
Uma das abordagens tecnológicas escolhidas para escaneamento no Brooklyn inclui bancos que usam energia solar para fornecer uma estação de carregamento de dispositivos móveis e guias Bluetooth, projetados para ajudar pessoas com deficiência visual. Nesse primeiro exemplo, obviamente, que os bancos que utilizam condutividade solar precisam ser colocados em áreas que tenham máxima luz solar. Assim, a altura dos edifícios e a sua posição em relação ao sol em diferentes momentos são informações fundamentais e podem ser melhor dimensionadas com o BIM.
“Os dispositivos Bluetooth permitem, por exemplo, avisar aos cidadãos, por meio de um telefone, que há um ponto de ônibus a 300 metros de distância”, acrescentou Lane. “Usando os dados derivados de nossa sessão de digitalização a laser, podemos fornecer informações com as dimensões espaciais corretas que ajudarão a torná-lo possível. Essa tecnologia oferece precisão milimétrica. É possível definir exatamente onde semáforos são necessários ao longo de uma rota, com informações exatas quando a notificação é emitida”, comenta
“Podemos marcar equipamentos como postes de iluminação, placas de rua, sinais de trânsito, entre outros, com detalhes que incluem o material de construção, localização, altura do solo. Ou seja, é possível fornecer um DNA do espaço” (Duncan Bell, agrimensor sênior da Gwalia)
Depois de escanear a cidade
O escaneamento piloto realizado pela Gwalia cobriu uma área de aproximadamente seis quarteirões em Brownsville. Equipado com o laser scanner GLS-2000, da Topcon, Lane e Duncan Bell, colega e agrimensor sênior da empresa, montaram o equipamento em vários pontos e realizaram mais de 24 cenas individuais que seriam usadas para criar o modelo 3D de Brownsville. Levando os dados de volta ao Reino Unido, Lane utilizou o software Magnet Collage, da Topcon, para construir a nuvem. O Topcon Magnet Collage oferece processamento e manipulação de dados em massa a velocidades inigualáveis, muitas vezes até oito vezes mais rápidas, com uma capacidade de visualização e renderização comparativamente rápidas.
“Usando o Collage, o processo de registro foi extremamente rápido. Além disso, o mecanismo gráfico é muito mais detalhado, permitindo a visualização de conjuntos de dados maiores. Também é ideal para gerar uma plataforma baseada na web acessível pelo público em geral, que combina com a nossa meta de longo prazo para o projeto de cidades inteligentes”, disse Bell.
Com os dados da nuvem em mãos, usando o Autodesk Revit, Duncan criou um modelo 3D de Brownsville e, em seguida, conduziu vários “sobrevoos” sobre o modelo antes de iniciar a marcação e a programação. “Podemos marcar equipamentos como postes de iluminação, placas de rua, sinais de trânsito, entre outros, com detalhes que incluem o material de construção, localização, altura do solo. Ou seja, é possível fornecer um DNA do espaço”, comemora o agrimensor.
A vida melhorou
O que Lane e a equipe da Gwalia esperam alcançar como resultado do piloto em Brownsville é a criação de uma plataforma dimensionalmente correta, que será utilizada pelos parceiros envolvidos no projeto e, eventualmente, pelo público em geral. O modelo criado será escalável para toda a área metropolitana de Nova York e rico em elementos marcados e programados.
“A maioria das pessoas, fora da área de pesquisa, não percebe como um GLS-2000, nas mãos certas, pode ser valioso. Este é um grande passo para abrir os olhos de todos os envolvidos com o desenvolvimento das cidades inteligentes”, acrescenta Bell.
No decorrer da verificação do projeto piloto, Lane e Bell tomaram conhecimento de muitas outras áreas nas quais a tecnologia poderia ser bem aproveitada. Eles citam que durante a visita a Brownsville, perceberam as condições relativamente ruins das ruas e calçadas, e que essas informação podem ser carregadas no modelo BIM, para futura manutenção.
Sem saber, eles chegaram ao conceito que Topcon chama de “Intersection of Infrastructure and Technology”, o ponto em que a produtividade da construção pode ser melhorada com a aplicação de tecnologia avançada de posicionamento.
Lane citou um projeto recente com situações semelhantes, onde poderiam ser aplicadas soluções parecidas para resolver o problema das más condições das ruas de Brownsville. “Recentemente, fizemos alguns trabalhos em um velódromo de ciclismo ao ar livre, no qual examinamos o percurso e criamos
uma malha no software, voltamos três meses depois e re-digitalizamos a mesma área”, explica Lane. “Ao sobrepor as duas informações e usar um indicador baseado em cores para mostrar as mudanças, conseguimos destacar imediatamente todos os desvios que ocorreram. Essa mesma abordagem poderia ser, facilmente, usada para lidar com ruas e calçadas de Brownsville”, pondera.
Conversa sobre o lixo
Lane disse que quando participou da conferência sobre smart cities, ouviu uma mulher do Brooklyn falar sobre os problemas que estavam tendo com a coleta de lixo. Ela queria obter mais informações sobre como a tecnologia poderia se aplicar a esta situação. A pergunta dela fez fluir a criatividade de Lane.
“Poderíamos dirigir em uma área com um scanner móvel IP-S3, da Topcon, depois marcar e agendar todos os sacos de lixo que examinamos”, projeta Lane. “Fora do comum? Claro, mas um carro dirigindo pelas ruas de Nova York escaneando sacos de lixo, e marcando-os nos dados, pode ter como resultado um banco de dados valioso para o cliente certo”.